Análise | 'The Boys' Temporada 3, Episódio 7: O Plot dos plots!

Próxima de seu desfecho, 'The Boys' surpreende mais uma vez com uma revelação que pode mudar completamente o futuro dos personagens

Mais uma vez fazendo uso de referências à cultura pop, The Boys explode cabeças ao revelar que Soldier Boy é o pai do Capitão Pátria. Foto: Reprodução
Mais uma vez fazendo uso de referências à cultura pop, The Boys explode cabeças ao revelar que Soldier Boy é o pai do Capitão Pátria. Foto: Reprodução
Carol Souza
Por Carol Souza

Existe alguma forma de o roteiro continuar “nivelando o jogo” após o aclamadíssimo episódio “Herogasm”? Bom, existe, e “The Boys” em seu sétimo e penúltimo episódio nos provou exatamente isso, com a trama correndo com certa calma, claro, porém sendo não menos surpreendente do que a já icônica luta entre Capitão Pátria, Butcher, Soldier Boy e Hughie no episódio passado.

Conhecida por não ser nada convencional e ultrapassar limites, a série que se aproxima de sua “season finale” decidiu por ultrapassar o limite dos segredos do passado desta vez, e nos revelou mais da história de Butcher e Black Noir, com aquela pitada de non sense característica da atração ao nos apresentar os “amigos imaginários” do super – um grupo de desenhos animados!

Ao mesmo tempo que vemos Noir delirando e se comportando como uma criança mimada, estes personagens nos ajudam a entender o que aconteceu no dia em que Soldier Boy foi entregue aos russos, qual o mandante desta operação e o motivo dos integrantes do Payback em apoiar o plano. Por mais que haja ali sua parcela de humor com um teatro encenado por amigos animados imaginários, conseguimos nos sensibilizar com Noir ao entender os abusos pelos quais passava nas mãos de Soldier Boy – que são incrivelmente parecidos com os abusos de Pátria aos integrantes dos Sete, e esta é uma informação importante.

Já Soldier Boy, Hughie e Butcher dão continuidade a sua missão, não claro antes de Soldier Boy se certificar que Butcher seguirá mantendo-o... abastecido. O último da lista do trio é Mindstorm, cujos poderes tem um quê de Medusa, exceto pelo fato de que além de paralisar o indivíduo ao olhar nos olhos dele, o super o deixa em uma espécie de coma, revivendo suas memórias mais dolorosas até que seu corpo se desidrate e sua vítima morra. E é neste ponto que finalmente entendemos o passado de Butcher com seu pai e seu irmão mais novo, Lenny, que deu fim à própria vida.

Uma boa parte do episódio se dedica a reviver a infância de Butcher, e em flashes conseguimos ver o jovem batendo de frente com seu pai abusivo, protegendo seu irmão, tendo um acesso de raiva e agredindo Lenny por acidente. Logo após este incidente Butcher decide fugir de casa, deixando Lenny, o mais sensível entre os dois, à mercê dos abusos do pai. A distância do irmão mais velho, somado ao sofrimento e agressões, levam Lenny ao limite e ver o suicídio de Lenny do ponto de vista de Butcher é um soco no estômago, principalmente quando vemos o sempre tão impessoal e durão líder dos “The Boys” chorando em silêncio.

Infelizmente o roteiro opta por desperdiçar o que poderia ser um retorno de Butcher à humanidade momentos depois. Ainda abalado pelas lembranças, Butcher recebe uma ligação de Luz-Estrela que revela ter descoberto que o Composto V temporário que ele e Hughie vêm injetando, é letal, e 3 a 5 doses são suficientes para causar a morte do usuário. Ela pede que Butcher conte a Hughie que ambos correm perigo, e mesmo tendo acabado de enfrentar seu trauma mais profundo, a impessoalidade de Butcher está de volta quando ele deliberadamente omite a informação, quebrando a promessa que acabara de fazer à Luz Estrela e mesmo consciente, mantendo Hughie – que já mostrava sintomas do uso do V – em perigo, o que deixa em nós, espectadores, um gosto amargo.

E por falar em gosto amargo, Trem-Bala está de volta. Sim, o super sobreviveu e além de mais uma vez concordar em corroborar com as mentiras da Vought sobre o ocorrido entre ele e o Falcão Azul, se vê frente ao dilema de somente estar vivo devido a um transplante cardíaco, onde o doador foi justamente o Falcão Azul. E mesmo que tenha feito “justiça” pelo seu irmão, Trem-Bala pode continuar sofrendo com o racismo da Vought que agora tem planos de não somente abafar o assassinato do Falcão Azul, como também de filmar um longa “bibliográfico” do herói, alterando completamente sua origem e apagando a participação de seu irmão em seu treinamento. Apesar de vermos um aprofundamento do personagem, sua atitude em concordar com Ashley em confirmar a história falsa, além de sequer titubear quando perguntado se falaria mal de Luz Estrela publicamente, nos mostra que ele pouco mudou, mesmo depois de ser pessoalmente atingido pelas atitudes dos supers e da própria Vought, ao encobrir os fatos – o que pessoalmente me desagrada. Nesta altura da série fica implícito que tudo o que ele deseja é ser parte da engrenagem, mesmo que isso possa custar o seu já pouco senso moral.

As revelações de The Boys estão cada vez mais explosivas. Foto: Reprodução
As revelações de The Boys estão cada vez mais explosivas. Foto: Reprodução
As revelações de The Boys estão cada vez mais explosivas. Foto: Reprodução

Do outro lado da trama, Kimiko toma uma importante decisão ao pedir à Luz Estrela que consiga o Composto V definitivo para ela. Apesar de ter passado quase toda a série desejando que nunca tivesse sido injetada, ela diz à Luz Estrela que ter ficado diante da possibilidade de perder Frenchie sem poder lutar para protege-lo foi assustador, e que sendo agora uma escolha dela – e aqui nós mulheres conseguimos nos identificar, e muito bem – ela quer usar os poderes para o bem, e para proteger àqueles que ama. Pouco depois, ela comunica Frenchie dessa decisão na cena mais emocionante do episódio. Ao chegar à sala, ainda muito machucada, Kimiko pede a Frenchie que dance com ela uma música lenta, e enquanto conversam, ela diz que sempre quis sentir de verdade os braços de Frenchie pois quando ainda tinha seus poderes, eles pareciam “canudinhos” nas mãos dela. Ela explica a ele que pediu à Luz Estrela o Composto V, ele discorda, pede a ela que não faça isso, mas Kimiko revela seus motivos dizendo a Franchie o mesmo que disse à Luz Estrela, acrescentando que mesmo que o beijo entre eles tenha sido “estranho”, mas não ruim, foi estranho porque eles não são apenas “aquilo”, mas que Franchie agora é sua família e que ela faria o que pudesse para proteger sua família. A cena doce e íntima mostra a belíssima evolução de Kimiko, contrastando com as primeiras aparições da personagem na série, que era descrita como um monstro assassino.

Mas e Capitão Pátria? Como reagiu após ser encurralado no episódio passado? Bom, uma das frustrações do episódio foi não ter explorado o que o evento pode ter desencadeado no super. Em suas aparições é visível que o “imaculado” líder dos Sete está desmoronando, mas além da cena onde finalmente o vemos ordenhando uma vaca e bebendo seu leite – e haja vergonha alheia para sentir aqui – pouco é mostrado sobre quais os próximos passos de Pátria.

Logo no início do episódio o vemos visitando Maeve, que segue viva, em uma espécie de cela anti-poderes, talvez a mesma onde Luz Estrela ficou presa na temporada passada, e interrogando-a sobre onde estariam Soldier Boy e Butcher. Ele argumenta que o ataque de Soldier Boy matou alguns supers e retirou o poder de outros, e que isso seria um grande perigo para a “espécie”, no que Maeve diz que o fim da vida de “super” é só o que ela deseja. Pátria também revela seu plano de ter filhos com Maeve, e que este seria o motivo de ela estar sendo mantida viva. Maeve responde de imediato que qualquer “coisa que você colocar aqui dentro, eu vou eliminar”, e Pátria diz que só o que ele precisa são seus óvulos, e que seu plano não é conceber uma criança de forma “tradicional” porque ele jamais a forçaria – ao contrário do que ele fez com Becca – mas que se ela se recusar a doar os óvulos de boa vontade, bem...

Mesmo diante das ameaças Maeve, que já havia reparado na tentativa de Pátria em esconder as marcas da luta em seu rosto usando corretivo, diz que aquele era um dos melhores três dias da vida dela (o que nos faz questionar quais seriam os outros dois), pois aquele era o dia em que ela estava vendo Pátria sentir medo.

Em núcleos menores Profundo segue sendo, bom, o Profundo, e propõe a esposa que apimentem sua vida sexual com um terceiro “elemento” e mais uma vez, temos uma cena do personagem em momentos “íntimos” com um polvo. Pessoalmente, este não é meu enredo favorito, inclusive passando bem longe de sequer me causar riso. O que deveria ser o “alívio cômico” da série, para mim, não consegue alcançar esse objetivo e sinceramente, é bastante descartável pois pouco ou nada acrescenta à trama.

Leitinho entra em conflito com Todd, atual esposo de sua ex e padrasto de sua filha, chegando a agredí-lo na frente dela após tomar conhecimento de que Todd a levou em um comício onde o Capitão Pátria discursou. Os dois entram em uma discussão com Leitinho alegando que Todd colocou a filha dele em perigo, pois Pátria está sendo caçado pelo Soldier Boy e se caso ambos se encontrassem, não mediriam consequências em um embate. Todd responde que a mídia está mentindo, e que nada daquilo era verdade, que somente o Capitão Pátria dizia a verdade. Em meio à discussão, Leitinho diz que se Todd quiser continuar participando dos comícios, tudo bem, mas pede que não coloque a filha dele em perigo porque ele não é o pai dela, ao que recebe de imediato a resposta de Todd: “Mas alguém tem que ser”. E é neste momento que Leitinho se descontrola e sem perceber a presença da filha, desfere um soco que desacorda Todd.

Apesar de todos os acontecimentos do episódio, incluindo a confirmação de que Neuman e Pátria fariam uma espécie de aliança com ela mostrando um papel ao super que o convence a se unir a ela em uma troca de favores, o ponto alto e um dos “plot twits” mais chocantes da temporada acontece apenas nos cinco minutos finais.

Após encontrar Mindstorm, antes de perder o controle e simplesmente esmagar sua cabeça com o escudo – alô Marvel! – Soldier Boy é surpreendido por uma informação dada pelo ex-companheiro de equipe que parece atordoá-lo. Butcher questiona Soldier Boy sobre o que ele ouviu, e fica sem resposta.

Ao final do episódio descobrimos a tal informação, que definitivamente pode mudar todo o rumo da série, quando Soldier Boy liga para Pátria e revela que passou por uma espécie de experimento genético requerido por Vogelbaum e que esse experimento resultou em uma criança, um menino. Lembra da informação importante lá no comecinho da análise, sobre as semelhanças do enredo de Pátria e Soldier Boy? Tudo isso se justifica aqui, pois Soldier Boy é o pai biológico de Pátria!

A revelação foi servida à lá Star Wars, e tal qual a batalha entre eles no episódio 6, promete ser o assunto da semana, pois essa paternidade recém descoberta pode dar fim ao acordo entre Soldier Boy e Butcher e iniciar uma aliança perigosíssima entre pai e filho, além de colocar Ryan de volta à trama pois com certeza, os supers deverão ir atrás do garoto para iniciar uma espécie de “clã” dos homens mais fortes do mundo.

Sobre o autor

Carol Souza
Carol SouzaAmante do cinema, dos livros e apaixonadíssima pelo bom e velho rock n'roll. Amo escrever e escrevo sobre o que amo. Ativista da causa feminista e bebedora de café profissional. Instagram: @barbooosa.carol
Fale com o autor: [email protected]
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